Para inspirar e iluminar a Vigília Pascal…

“Desperta, tu que dormes, levanta-te de entre os mortos e o Cristo será tua luz” (Ef 5, 14).

Queridos irmãos e irmãs,

Em alguns ritos orientais e na liturgia de Taizé, essa palavra de São Paulo é proclamada a cada ano, no começo da Vigília Pascal. Quando, no século III, o imperador Diocleciano escreveu aos cristãos de Abilene, no norte da África, que se eles renunciassem a fazer a Vigília Pascal no sábado à noite, ele os livraria da pena de morte, os irmãos lhe responderam com uma carta que ficou para a história: “Sem a vigília do Senhor, não podemos viver!” Nesse sábado santo, podemos vivê-la na liturgia em comunidade ou mesmo sem nenhum rito, na diáspora, onde estivermos. Unamo-nos na profecia dessa nova Páscoa e escutemos para nós esse chamado divino. Deus sabe do que você e eu precisamos despertar – de que tipo de torpor ou sonolência temos de nos libertar. São Gregório de Nissa dizia que, às vezes, a nossa vida parece uma “vida morta”. Deus nos chama a uma “vida viva”.

“Levanta-te dentre os mortos e o Cristo Ressuscitado será tua luz”. O que Deus faz a Jesus (lhe dá uma vida nova) é o começo de uma ação divina que abrange a todos nós. É inicio de uma sociedade nova e de um mundo restaurado. Para retomarmos o espírito original da Páscoa e o conteúdo espiritual da caminhada eclesial temos de retomar com força o que, há 50 anos, em Medellín, os bispos latino-americanos propuseram:

“Que se apresente cada vez mais nítido, na América Latina, o rosto de uma Igreja autenticamente pobre, missionária e pascal, desligada de todo o poder temporal e corajosamente comprometida na libertação de todo o ser humano e de toda a humanidade” (Medellin. 5, 15 a)

Quem crê na ressurreição de Jesus trabalha pela ressurreição social e espiritual de todo o mundo. Nessa alegria pascal e com essa ternura da fé abraço você e todos os seus.

Deus os/as abençoe.

Com carinho o irmão Marcelo Barros.

2014_11_entrevista_consciencia_negra_marcelo_barros1_reproducaoMarcelo Barros é monge beneditino, escritor e teólogo brasileiro. Em 1969 foi ordenado padre por Dom Helder Camara e, durante quase dez anos, de 1967 a 1976, trabalhou como secretário e assessor de Dom Hélder para assuntos ecumênicos. É membro da Comissão Teológica da Associação Ecumênica dos Teólogos do Terceiro Mundo (ASETT), que reúne teólogos da América Latina, África, Ásia e ainda minorias negras e indígenas da América do Norte.

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